Segredo, a EricHyuk

10/19/2012

SEGREDO

Para Karitha, minha menina,
Com amor, da sua jewel audaciosa.


OoO

Fazia algum tempo que eu estava sentado naquele sofá, atrás das câmeras, num espaço onde ninguém mais costumava usar naquele horário. Uma luz fraca tremulava o ambiente e havia um cheiro incomodo de álcool metílico no ar, originado pela faxineira que estivera ali há algum tempo.

Eu deixei que meus olhos de fechassem, encostando-me mais no estofado do sofá e fechando os olhos. Estava sendo um pouco difícil nos últimos meses; horários apertados demais e pouco tempo pra um momento de paz como aquele. A gente aprende a aproveitar cada brecha, em ocasiões como aquela, para dormir. E era isso que eu pretendia fazer até ouvir um leve click vindo da porta de entrada, seguido de passos pesados.

Eu não sabia exatamente quem esperava encontrar, porém não imaginava que daria de cara com Eric quando abrisse abrisse os olhos. Ele estava parado à porta – já fechada – e ele era uma figura alta e imponente ali. De alguma maneira, me sentia pequeno diante dele, pois apesar de todo o sucesso que Super Junior fazia, dentro de mim éramos inexperientes e bebês perto de alguém como ele.

“Hyukjae!” Eric exclamou saudoso e eu somente retribui timidamente o cumprimento, sentindo-me estranhamente desajeitado no meu próprio corpo. Os olhos de Eric me examinaram e seu semblante era sério, o que somente ocasionou um leve frio na boca do meu estômago.

De alguma maneira, eu gostava daquela maneira como ele me encarava. Não havia a típica insegurança de garotos mais jovens, somente uma confiança quase desdenhosa. De qualquer maneira, era diferente dos tipos de homens que eu conhecia e isso me deixava estranhamente desajeitado em sua presença.

“O que está fazendo aqui?” Eric perguntou quase delicadamente enquanto se sentava no sofá perto de mim, apoiando graciosamente o tornozelo sobre um dos joelhos. Sua expressão era calma, porém eu tinha certa dificuldade em conseguir transformar meus pensamentos em palavras e devo ter o olhado com cara de retardado por alguns segundos antes de finalmente responder.

“Nada.” Disse simplesmente, me achando patético tão logo as palavras escaparam de meus lábios. “Eu só queria um tempo de tudo aquilo.” Expliquei, referindo-me a toda a confusão e gravações do programa. Eric concordou com a cabeça e sorriu de um jeito que deixava claro que ele entendia perfeitamente o que eu dizia. E ele de fato entendia, pois também era um ídolo.

Senti minhas bochechas meio quentes, mesmo sem algum motivo específico, e era até meio patética a maneira como meus movimentos de repente pareciam desajeitados demais; pesados demais. Eu queria travar alguma conversa interessante, dizer que o admirava, que eu já havia lido algumas entrevistas dele e que tínhamos gostos parecidos e pensávamos iguais em muitas coisas, porém as palavras perdiam-se antes de encontrar caminho para fora de meus lábios.

Eu tinha a leve consciência que estar interessado por alguém era aquilo. Há quanto tempo eu não me interessava por alguém? Uma vez uma amiga havia me dito que a melhor fase de um relacionamento era aquela, quando havia somente a insegurança, os sorrisos sem propósito e o frio na barriga, como se borboletas fizessem uma orgia em seu interior.

Sorri de leve com o pensamento e percebi que, de fato, concordava com ela. Era uma sensação tão adolescentemente deliciosa e única! Deixei meus olhos examinarem Eric demoradamente e concluí que as borboletas dentro de meu estômago talvez tivessem mesmo um bom motivo para se rebelarem, uma vez que Eric definitivamente era alguém interessante.

Talvez fosse somente algum tipo de fetiche estranho que eu nunca me dera conta ter até estar de frente para ele, isso de transar com um homem mais velho. Eu imaginava como era transar com Eric e isso me deixava inseguro e exultante, tudo ao mesmo tempo. Era algo que eu definitivamente gostaria de experimentar, mesmo não sabendo se tinha alguma chance.

“Recebi alguns comentários odiosos depois do último episódio do programa” Eric disse distraidamente, alguns minutos depois, e eu o olhei demoradamente. “Aparentemente a notícia de que estávamos .. próximos demais chegou ao público antes mesmo do programa ir ao ar. Algumas fãs disseram que você amava o Donghae e que eu não tinha nenhuma chance.”

“Elas disseram isso?” Perguntei, ligeiramente divertido. Era estranho pensar que minhas fãs cuidavam mais do meu relacionamento – ou não relacionamento – com Donghae do que eu mesmo. Mas Donghae definitivamente não era alguém que eu queria meter entre nós dois, por isso somente balancei a cabeça e o afastei do pensamento, sorrindo de lado para Eric e tentando pensar rapidamente numa resposta.

“Elas realmente shippam EunHae.”

“Elas shippam EunHae por que é real?” Perguntou Eric, parecendo de fato curioso, e eu somente balancei a cabeça, rindo com o pensamento de que EunHae podia, de fato, ser real. Ele entenderia exatamente o que eu iria querer dizer, pois ele também era de um grupo só de homens e com certeza haviam fãs que torciam para que ele ficasse com outro integrante. “Então você gosta de mulheres?”

A pergunta me pegou de surpresa e me vi sem resposta. Meu coração acelerou um pouco e eu sorri sem graça, desviando os olhos quando me vi incapaz de sustentar seu olhar. Ele me encarava como se pudesse ler todas as coisas que eu estava pensando naquele momento; coisas que resumiam-se no seu corpo empurrando o meu contra aquele sofá, ambos sem nenhuma roupa.

Engoli em seco e tentei pensar em qualquer outra coisa que não fosse aqueles pensamentos desconcertantes. Mexi-me desconfortavelmente no sofá, olhando a sala em volta, e o cheiro de álcool de alguma maneira parecia ainda mais forte enquanto tentava normalizar minha respiração descompassada.

“Eu não entendi a pergunta.” Menti descaradamente e ele provavelmente percebeu que eu estava desviando do assunto. Eric não era burro, eu sabia. Estava claro, somente pelo jeito como eu ficava sem jeito em sua presença, que eu não era cem por cento heterossexual. “Por que você está com esse sorriso no rosto?” Perguntei quase inocentemente quando notei que seus lábios se erguiam em um sorriso quase maldoso.

De alguma maneira, meu coração acelerou ainda mais quando ele se levantou do sofá, roupas escuras e pele levemente bronzeada, os olhos fixos nos meus e seu cheiro ainda mais forte conforme se aproximava. Ele passou a língua nos lábios quando estava perto de mim, sentado naquele sofá, pernas levemente afastadas. Eu o encarava de baixo e por alguns segundos me dei conta que a posição em que nos encontrávamos era estranhamente obscena.

Abri os lábios, meio sem reação, e de alguma maneira nunca estaria preparado para as palavras que escaparam de seus lábios no momento seguinte.

“Você pode colocar meu pirulito na boca, se me aceitar.”

Minha boca de repente ficou seca e senti como se estivesse vivendo numa realidade paralela e aquele momento não estivesse acontecendo. Era tudo estranhamente irreal. Eric estava mesmo me propondo o que eu acho que estava? Eu me vi sem reação por alguns segundos até que as mãos fortes e decididas dele adiantaram-se para o zíper da própria calça. Em poucos segundos o tecido macio deslizava por suas coxas e eu me vi excitado quando constatei que uma ereção nada tímida desenhava o tecido branco de sua cueca.

Minha boca quase inconscientemente buscou contato com aquele pedaço de seu corpo quando os dedos experientes prenderam-se em meus cabelos, como se me incentivasse a fazer tudo o que queria, mas o pudor me impedia. Deslizei a língua pelo tecido macio, bem onde sua ereção repousava, e fui retribuído com um gemido rouco e uma palavra desconexa. Sua respiração descompassou e eu não tinha mais paciência para joguinhos, até porque em breve seríamos chamados para continuar a gravação.

Abaixei a cueca dele sem nenhum receio, observando sua ereção exposta e rosada que me chamou a atenção imediatamente e trouxe saliva pra minha boca. Segurei sua cintura com uma das mãos enquanto usava a outra para masturbá-lo, não me importando nenhum pouco em ser rogado antes de colocar sua glande sensível na boca e chupar devagar, provocando.

Senti minha própria ereção latejar dentro da minha calça quando ele empurrou minha cabeça contra seu membro totalmente duro, enterrando-o na minha boca molhada. Ofeguei e soltei um gemido abafado que somente serviu para causar uma vibração ainda mais intensa em seu membro, fazendo Eric jogar a cabeça para trás e gemer.

Eu estava prestes a tirar sua ereção dos lábios e fazê-lo terminar tudo aquilo da melhor maneira possível quando senti algo cutucar de leve meus ombros. Por alguns segundos pensei que fosse Eric, porém o momento parecia estranhamente distante e aquela imagem parecia estar fugindo e então abri os olhos, como se tivesse passado muito tempo embaixo d'água e finalmente voltasse à margem.

“Você estava sonhando com alguma coisa?” Ouvi a voz de Donghae bem perto de mim. Ele estava sentado ao meu lado no sofá, uma das mãos na minha coxa, fazendo um carinho leve. Um sorriso desenhava seus lábios perfeitos. “Você tava dormindo tão gostoso que estava quase com pena de acordar você, mas precisamos ir pro dormitório. Desculpa a demora pra vir te buscar, mas me prenderam na gravação do drama pra refazer uma cena.”

Donghae, meu namorado, havia ido me buscar no estúdio de gravação e eu acabara pegando no sono. Alguns metros de distância, um faxineiro noturno estava limpando alguns itens com álcool e o cheiro era forte, fazendo-me torcer o nariz. Donghae me olhava com expectativa, esperando que eu finalmente saísse do meu estado letárgico e levantasse para ir embora.

Meu Donghae, o homem que eu mais amava no mundo e que jamais trairia me olhava com seus olhos bobos e inocentes, um sorriso leve desenhando seus lábios avermelhados. Senti-me quase culpado pelo sonho que estava tendo com outro homem, porém não era real e isso que importava. Não podia controlar com o que sonhava, afinal.

Estava pegando minha mochila para ir embora com Donghae quando me virei e Eric apareceu no meu campo de visão. Quase deixei um grito de susto escapar dos meus lábios enquanto ele somente sorria quase sapecamente e me olhava como se tivesse aprontado alguma coisa errada.

“Eu consegui roubar alguns pirulitos do set de gravação.” Disse-me, colocando alguns na minha mão, que apressadamente aceitei e coloquei na mochila, minhas bochechas rapidamente ganhando um tom rosado. Donghae não pareceu perceber meu constrangimento enquanto andavámos em direção ao estacionamento.

“Quero o pirulito do Eric, Hyuk-ah.”

Quase me engasguei com minha própria saliva antes de me dar conta do que Donghae falava. Senti como se pudesse pegar fogo a qualquer momento e abri minha mochila displicentemente, tentando mostrar naturalidade.

Donghae nunca descobriria sobre aquele sonho, afinal. Era um segredo só meu.
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